segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pagode não é Samba

Os intrumentos usados para esses dois gêneros musicais são quase os mesmos, mas há diferença e, pagode não é samba!

O samba surgiu no século 19, vindo das misturas de ritmos africanos, e acreditam que do semb, ritmo religioso da Angola que significa umbigada. O primeiro samba gravado no Brasil foi “Pelo Telefone", em 1917, com letra de Donga e Mauro de Almeida.



Uns dos principais nomes do samba são o de Bezerra da Silva, que na década de 1930 a 1940 tratou do malandro visto com vários olhos pela sociedade, mas não se tratava de um extremo folgado e sim, de alguém que já sabia que neste país muitos morrem de trabalhar e nunca conseguem ficar ricos. Noel Rosa, entre 1940 e 1950, começou a criticar a modernidade; “A gíria que o nosso morro criou, bem cedo a cidade aceitou e usou. Mais tarde, o malandro deixou de sambar, dando pinote...” Mesmo assim não desistiu de defender a boa música. Nesse mesmo período surge a Bossa Nova, que de início, seria uma nova maneira de tocar e cantar samba, pois naquela época não era reconhecido como merecia, como diz a composição de Paulinho da Viola (1950-1960):

"Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou. Perguntou-me se eu queria estudar filosofia, medicina ou engenharia. Tinha eu que ser doutor, mas a minha aspiração era ter um violão para me tornar sambista. Ele então me aconselhou: "Sambista não tem valor, nesta terra de doutor".

Em 1970 o samba retoma com o malandro, mas o malandro que não existe mais. É o que revela Chico Buarque em sua composição Homenagem ao malandro. Outros nomes como Heitor dos Prazeres, Sinhô Ismael Silva, Cartola, Geraldo Pereira, Ary Barroso, Nelson Sargento e vários outros fizeram com que esse ritmo se tornasse tão importante para a cultura brasileira.

Outros estilos de samba também se destacam, como samba de roda, uma das bases para a formação do samba carioca. Samba-enredo, usado pelas escolas de samba para desfiles. Samba de partido alto, que tem suas letras improvisadas para falar das regiões mais carentes. Samba carnavalesco, que são as marchinhas e sambas dos bailes carnavalescos. Samba-exaltação, que ressalta o Brasil e suas maravilhas. Samba-canção, com letras românticas e sentimentais. Samba de breque, em que o cantor inclui comentários críticos ou de humor. Samba de gafieira, muito usado nas danças de salão por ter sua parte instrumental forte.

Nos anos de 1980 surgiu o pagode, que acrescentou ao pandeiro de couro, cavaquinho, surdo, tamborim, violão e violão de sete cordas instrumentos como banjo, tan tan e o repique de mão. O termo, no Brasil, é usado para denominar as festas em que músicos se reúnem nos fundos de quintais e são sempre regadas à muita bebida e comida. As letras são mais descontraídas, sem grandes expressões. No “samba moderno” já incluiram até sons eletrônicos e percussão. Os pagodeiros querem mais é beber, comer e dançar. Nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Alcione, Beth Carvalho, Dudu Nobre e grupos como Fundo de Quintal, Katinguelê, Exaltasamba, Raça Negra, Negritude Junior, Só pra Contrariar, vêm fazendo uma mistura entre o samba e o pagode, não que alguns não façam samba também, mas as diferenças são claras.

O samba do Rio de Janeiro se tornou Patrimônio Cultural do Brasil em nove de outubro deste ano pelo Conselho Consultivo do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).



Aproveitando o espaço, convido a todos vocês para assistirem ao grupo “De Volta ao Samba” dia 05/12 à partir das 22:00h no Bolshoi Pub. Prestigiem!


*Estou colocando um link para que todos tenham acesso à indicação a que se refere o comentário do meu estimado leitor, Tágore, sobre o surgimento do primeiro samba. (http://www.renatovivacqua.com/HTML/LIVROS/HDSG/capitulos/mpb_historia_capitulo15.htm)

Esse tema é mesmo polêmico, até o próprio Renato Vivacqua, numa entrevista em seu site, já citou o nome de Donga como autor do primeiro samba:
“A partir de 1917, surgiu o primeiro samba gravado chamado Pelo Telefone, um marco porque saiu do maxixe para o samba. Aí depois tivemos, por influência européia, a fase carnavalesca das marchinhas...”

Se você tiver outras informações a respeito, por favor, comente!!

4 comentários:

Unknown disse...

É Dalcione pra minha doce ignorancia samba e pagode eram a mesma coisa. Tô falando sério! Mas eu tambem aprendi a diferenciar um Eletro de um trance, um house e um phy.

Para muitos Musica eletrônica é apenas tun.. tun.. tun..

Como tambem samba, pagote e axe são tudo "farinhas do mesmo saco". O que de fato não procede.

Bom artigo! Acho que vou fazer um para diferenciar os sub-gêneros da eletronic music..

hauhauha!

Unknown disse...

Com o intuito de tentar engrandecer (e não polemizar) ainda mais o excelente texto, venho colocar em pauta a discussão sobre o primeiro samba gravado no Brasil. Seria mesmo "Pelo Telefone" do tão afamado Mestre Donga? Bem, por muito tempo acreditou-se piamente que sim, não obstante, após muitas pesquisas, o "reinado" do nosso querido Donga foi posto à prova.

Encontrei um texto que explicita bem a questão, cheio de detalhes e com "provas" e argumentos que nos deixa com um pé atrás, nos fazendo pensar várias vezes antes de afirmar que "Pelo Telefone" foi o primeiro samba gravado no Brasil.

Vale a pena conferir o texto, que está no seguinte link: http://www.renatovivacqua.com/HTML/LIVROS/HDSG/capitulos/mpb_historia_capitulo15.htm ,enfim, muito obrigado a você (não sei quem), que deu início a esse "instituto" maravilhoso que é o samba!

J Montalvão disse...

Muito bom seu artigo. Existe um preconceito quanto se fala de “pagode” e as pessoas não entendem que é tudo samba de natureza, mas a forma de tocar é que muda. O pagode é tão discriminado pelos leigos quanto a cachaça, apenas por causa da origem humilde de ambos.
Danço salão e seu artigo me ajudou a quebrar o paradigma que pagode é música chula, apreciada por gente grosseira, própria da ralé. Roberto Carlos pode cantar um pagode, mas desde que a música mereça o interprete.

Anônimo disse...

Dalcione, interessante teu artigo, mas Noel Rosa nasceu em 1910,começou a compor em 1928 e morreu em 1937, portanto nada de começou a criticar a modernidade entre 1940 e 1950.Bezerra da Silva,pintor de paredes,começou a compor lá por 1968 ,só gravou o primeiro lp em 1976 e só ficou conhecido a partir do começo da decada de 80 com seu estilo "malandragem dá um tempo", portanto nada de se referenciar a ele entre 1930 e 1940.Já Paulinho da Viola, nascido em 1942, só começou a compor lá por 1964 e seu samba 14 Anos saiu no 1o lp, com Elton Medeiros,Samba da Madrugada em 1968,portanto nada de referencias entre 1950 e 1960.Valeu.