sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre Saudade

Um dia perguntei a um amigo o que a gente costuma fazer quando estamos com saudades de alguém. Ele, então, me respondeu que não seria a melhor pessoa para me ajudar, pois sofre muito desse mal chamado saudade.

Lembrei-me de uma música de Tom Jobim e Newton Mendonça que diz "Quando existe alguém que tem saudade de alguém, e este outro alguém não entender...". Sendo assim, pensei que seria melhor, então, eu cortar o "mal" pela raiz. Mas horas depois, percebi que a saudade é uma praga, se alastra pelo corpo e todos os sentidos.

Um sentimento tão curioso, que apesar dos pesares também nos alegra, pois traz lembranças boas de momentos que vivemos ou pessoas que conhecemos.
A saudade é nostalgia, mas não é um mal. Pois se fosse mal, ninguém queria sentir saudade. E será que sentimos saudades por que queremos? Uma coisa eu sei! A gente sente saudade do que foi bom, o que não foi não dizemos que estamos com saudades. Mas, por que então dizemos e ouvimos dizer que estamos "morrendo de saudades"? Então a saudade mata? Então ela é um mal?!...

O músico Peninha diz em sua canção Sonhos, que saudade até que é bom, é melhor que caminhar sozinho. O que seria de nós, então, se a saudade não existisse? Digamos que a saudade seja um órgão dentro de nós que consegue carregar todos os momentos bons, todas as pessoas que gostamos e não temos por perto, todos os lugares pelo qual passamos e todas as emoções vividas.

Talvez seja essa a resposta... A saudade é um órgão, e portanto pode adoecer. Se for diagnosticado uma saudade devemos tratar, mas, para cada um o diagnóstico é diferente. Em alguns pode doer mais que em outros. Ela pode manter-se num quadro instável, pode ser curada, mas também pode matar, principalmente se não for tratada.

Cada pessoa encara sua dor de forma diferente. Já vi gente perdendo o controle, gente disfarçando como se não estivesse sentindo nada e gente que sabe conviver com essa dor. Mas, o fato é que, como a saudade é uma praga, você pode até curá-la, mas ela vai voltar, se não for por um motivo será por outro.

Lembrei-me até de um episódio que me ocorreu certa vez na adolescência, quando eu tinha um namorado. Não sei por que, mas gosto de escrever a palavra saudade, gosto dos contornos que a caneta faz. Eu estava querendo terminar esse namoro. Mas, não tinha motivos maiores, simplesmente não gostava mais dele. Certo dia, minha mãe pegou um papel do meu caderno que estava escrito muitas vezes a palavra saudade, e, claro já veio logo questionando de quem eu estava com saudades. Vai eu tentar explicar para uma mulher conservadora que não tinha nada a ver a saudade alí.

Mas depois disso, percebi que dizer que estava com saudades de alguém poderia ser frustrante, talvez. Hoje, acho que sou do tipo que não declaro saudade para qualquer pessoa. Continuo gostando da palavra saudade, e percebo que sei controlar-me bem, gostando até de senti-la, talvez mais do que acabar com ela.

Quem inventou a tristeza, poderia até, com fineza, desinventá-la. Mas, quem inventou a saudade talvez não soubesse o que ela pode causar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Enxergando através da cegueira a latrina que o Mundo é

Super feliz a idéia do diretor brasileiro Fernando Meirelles e do roteirista canadense Don Mckellar, com o filme Ensaio sobre a Cegueira. O longa é uma adaptação ao romance do escritor português José Saramago. Mas, aqui não vou comparar livro e filme, até porque os dois têm seus prestígios. O livro rico em detalhes, e o filme imagens. E é exatamente isso que propõe o diretor, "sua visão do mundo nunca mais será a mesma".

Aqui vou tentar expressar minha visão diante de um filme que conta sobre uma cegueira contagiosa, que ficou conhecida como cegueira branca, se alastrando por uma cidade onde, até então, todos viviam uma vida "normal". Família, trabalho, casa, e, claro, o caos do cotidiano nos dias atuais na vida de cada ser humano, enquanto sua existência. A história já se inicia mostrando que o simples fato de você parar num semáforo e enxergar as cores verde, amarelo e vermelho pode se tornar uma das coisas mais desejáveis na vida de uma pessoa. De repente tudo muda. Já imagino que nascer cego é uma coisa, mas ficar cego depois é outra bem pior. Percebi isso quando um dos personagens já era cego. Ele parecia não sofrer quanto os outros, que se contagiaram com a doença. E, não considero o filme uma ofensa aos cegos, como criticou o presidente Marc Maurer da Associação de Cegos dos EUA, conforme publicado em um site, que considera "ofensivo e assustador, podendo minar os esforços de integrar os cegos à vida em comunidade". Não penso que seria essa a intenção do autor, mas de mostrar o mundo em que vivemos e muitas vezes tapamos os olhos para uma realidade cruel, inclusive diante de posturas das autoridades quando uma determinada situação se torna calamidade. E ainda, o fato de não valorizarmos certas coisas, como a vida que levamos e a saúde que temos.

Num determinado momento, homens, mulheres e até criança com diferentes classes sociais, raças, etnias, se encontram numa situação idêntica, desesperadora, que é perder um sentido tão importante quanto qualquer outro, a visão. E agora? Como será a vida diante de tantas impossibilidades? Como será viver em quarentena, que são os locais onde pessoas com doenças contagiosas ficam para se isolar de demais contatos físicos?
E o filme se passa ali. Num lugar abandonado pelo descaso de autoridades, sujo, cheio de lixo, em que cada um tenta manter seus princípios e conceitos. Mas, não uma imundície apenas pelo lixo, e sim, pela arrogância, falta de escrúpulos, egoísmo, vaidade, soberba, e muitos outros conceitos que os indivíduos criam e adquirem, muitas vezes até para se defender ou ao serem atraídos por diversas situações que o mundo impõe.

São cenas fortes, em que apenas uma mulher que não fica cega, mas talvez preferisse ter ficado também, há de optar pela frieza para poder suportar um lugar daquele. Separados por alas, nem mesmo a cegueira muda alguns comportamentos, mas para outros o efeito é certo. Você se submeter a sexo em troca de comida com uma pessoa que além de não conhecer, não está vendo. Ter que ignorar que alguma pessoa morreu, lutar pela sua própria sobrevivência, e, se for preciso, matar alguém. Todos esses comportamentos se tornam mais dolorosos por serem apenas sentidos pelo coração.

Ao conseguirem se libertar daquele lugar que alguém, desesperado, ateia fogo, eles só podem ouvir o silêncio da cidade e imaginar a ruína de uma sociedade. Não há carros funcionando, não há pessoas trabalhando, somente pessoas em busca da sobrevivência e, mesmo assim, com egoísmo e desamor. Outra cena marcante, que demonstra o quanto ainda somos primitivos, é a disputa por alimento. Até o cachorro, que é considerado o melhor amigo do homem, é traído pela sua penúria ao devorar um corpo humano. E assim se desfaz a idéia de civilização, pois a humanidade se perde por conta de coisas que a visão pode trazer, se esquecendo de sentimentos como amor, compaixão, lealdade, cumplicidade, respeito.

Talvez a luz branca seja isso, dizer que ainda há uma esperança. E a única mulher que enxerga conseguir despertar o desejo de que é possível se viver em harmonia. De que é possível dividir o pão, de sentir prazer nas coisas simples do dia a dia. E não apenas sentir a chuva caindo sobre a pele, mas enxergar a beleza das gotas caindo do céu lavando nossos olhos de impurezas, e humidificando as almas para não nos cegar de vez.








segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Projeto Palco 2008

O Projeto Palco inicia sua temporada 2008 no dia 30 de outubro às 20 horas na Praça Universitária. Os músicos Laércio Correntina, Valter Mustafé e as bandas Packto e Zilios serão as primeiras atrações do evento que se estende até novembro desse mesmo ano, totalizando, no mínimo, 14 apresentações de muitos outros artistas.
O principal objetivo do projeto é dar oportunidade e espaço para que os músicos goianos possam mostrar seu trabalho. Por ser realizado em lugares alternativos, como praças públicas, também leva à população a participar da vida cultural da cidade.

O Palco é um projeto que já aconteceu por diversas vezes na década de 90, quando foi inicialmente promovido pela ACRIM (Associação dos Criadores de Música do Estado de Goiás) e depois pelo Sindicato dos Músicos de Goiás e o projeto sempre buscou levar a música popular brasileira em sua mais variadas vertentes, para as praças de Goiânia, para assim dar oportunidade e acesso ao público em geral e principalmente o mais carente e sem condições de freqüentar Casas de Shows, Teatros e outros. As últimas edições do Projeto aconteceram em 2005 e teve a participações de dezesseis músicos, dentre eles: Fernando Perillo, TomChris, Laércio Correntina, Darwinson, Bel Maia, Cláudia Vieira, Juraíldes da Cruz, Valter Mustafé, Luiz de Moraes, Lara e Anthony, TonZêra, Larissa Moura, Henrique, Fausto Noleto.Em 2007 participaram do Projeto Palco os seguites músicos: Amauri Garcia, Luiz Augusto, Gilberto Correia, Charles D´Artagnan, Banda Sr. Blan Chu, Moka Nascimento, Fernando (Simplista), Milla Tuli, Fábio Pessoa, Banda Fusion, Emídio Queiroz e Ton Só e a Parafernália.

Uma realização da ASCCOM – Associação dos Cantores e Compositores do Estado de Goiás, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Goiânia – Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Apoio: Pontão de Cultura República do Cerrado.




LAÉRCIO CORRENTINA
Entre as muitas vozes competentes da música popular feita em Goiás, Laércio Correntina é uma delas. Laércio que começou sua carreira pra valer em 1982, soube esperar a hora da fruta madurar para lançar seu primeiro disco. Artista consciente faz assim: "aguarda a calda do doce ficar no ponto para sair vendendo o doce". O primeiro disco Break Tupiniquim saiu em 1992, dez anos depois de muito trabalho, estudo, pesquisa e muita, mas muita observação. O segundo trabalho fonográfico, o CD "Eu Canto", pode ser incluído sem sombra de dúvida, dentre os melhores discos independentes produzidos em Goiás em 2001. Com alguns arranjos de Toninho Horta e do próprio Laércio, o trabalho é esteticamente perfeito, indo por interpretações líricas, como a de Ouro de Tolo, de Raul Seixas, passando pelas inéditas Bússola e As Estações do Amor, até a satírica Carro de Polícia e a poética Eu Canto, que dá nome ao disco. Em 2006, Laércio Correntina lançou seu terceiro trabalho fonográfico, de nome Esteta.

VALTER MUSTAFÉ
O músico e compositor Valter Mustafé começou nos festivais por volta de 1976, participando de eventos musicais em Goiânia, interior de Goiás e posteriormente em outros estados do Brasil. Participou dos Programas "Som Brasil", "Empório Brasileiro" , "Empório Brasil", na Rede Globo, SBT e Bandeirantes, na época apresentados por Rolando Boldrin e Lima Duarte, programas veiculados em rede nacional. Tem cadeira cativa no Programa regional "Frutos da Terra" de Hamilton Carneiro, TV Anhanguera. Tem um trabalho de composição vasto e variado com os principais letristas e poetas goianos, indo do pop-rock, passando pela música instrumental e chegando ao regional. Tem parcerias com Carlos Brandão, Nars Chaul, Luiz Augusto, Gilson Cavalcante, Tagore Biran, Sebastião Pinheiro, Lucas Faria e outros. Já foi gravado por grandes cantores e intérpretes da MPB-GO: Fernando Perillo, Maíra, Gilberto Correia, Maria Eugênia, Luiz Augusto, Du Oliveira, entre outros. Trabalhou também com teatro, tendo musicado várias peças para o o Grupo Terra de teatro amador, a saber: três peças adultas, quatro infantis, onde também trabalhou como ator.
Trabalhos já gravados: 1982 - Compacto simples da Festa do Compositor Goiano; 1986 - Participa do LP "Todo Canto" de Lucas Faria; 1988 - Compacto Duplo "Nossos Dias"; 1995 - Participação no CD "Canta Cerrado" com a música Ponto de Fuga; 1999 - CD "Livre Cantar"; 2001 - CD "Anticomercial" e 2004 CD "Blues". Valter Mustafé está em fase de finalização do CD “Musidesencadeandoosom” que deve ser lançado no final de outubro.


Banda PACKTO
Formada no inicio de 2003 vem fazendo apresentações pelo Estado de Goiás, participando de festivais e de Projetos da Prefeitura Municipal de Goiânia, como o Tendas Culturais, o CEDUCA, dentre outros eventos. Em 2004 no Festival do SESI, último em que participou ficou em segundo lugar em interpretação e entre as oito melhores no item composição. Além de músicas próprias faz couvers de Rock, Pop e MPB, de cantores e bandas já consagrados. Em maio de 2005 participaram do quadro Jornal Hoje (TV Anhanguera – Globo), apresentando algumas de suas composições. No mês de março de 2006 concluíram a produção de seu primeiro CD profissional (Ilusão) produzido por Guilherme Bicalho que já produziu cantoras como Nila Branco e Valéria Costa. A banda se apresenta em vários shows no Estado de Goiás para divulgação de seu CD. Suas músicas de trabalho estão sendo executadas em várias rádios da capital e do interior. Atualmente a banda se dedica a um Projeto chamado a Voz do Rock onde são relembrados diversos clássicos do Rock Roll como: Pink Floyd, Eric Clapton, Led Zepellin, Iron Maidern, Dr Sin, onde foram apresentados em eventos como Tatto Rock Fest, Rock in Sopa e outros festivais da capital. Já esta em fase de composição as músicas do próximo disco, que promete ser mais maduro e pesado.

Banda ZILIOS
Projeto vinculado ao trabalho da cantora e compositora Moni-k, que por sua vez coloca em ação este trabalho que vem se desenvolvendo desde de 2006 nos estúdios de ensaio onde o trabalho da banda foi ganhando proporção devido a união das composições da cantora e os novos arranjos, que homogeneizou o trabalho que é constituído de energia, personalidade, letra e claro muito rock roll com influencias do metal, de Rauzito. A banda faz uma fusão, misturando som pesado, com letras que fala do cotidiano ao universo surreal, a banda está terminando o repertorio do CD que está previsto para o inicio de 2009.

Formação: Moni-k (vocal), José Carlos (baixo), Léo (guitarra), Danilo (bateria)

JORGE VERCILO em Goiânia

O projeto MPB Petrobras traz para Goiânia o show de Jorge Vercilo. Dia 21 de outubro às 21 horas no Teatro Rio Vermelho.

Mais um super show desse super projeto, que traz o melhor da nossa música brasileira com ingressos a preços acessíveis e ainda abre espaço para nossos artistas goianos. Dessa vez, a abertura fica por conta da cantora Valéria Costa. A artista participou, em 2000, do concurso de Novos Talentos, do Domingão do Faustão, se classificando entre os finalistas. Valéria vem se destacando também fora do estado e também como compositora, tendo várias canções sendo gravadas por conterrâneos. Valéria Costa tem gravado os CDs Ponto de Partida e primeiro Ato e ainda o DVD Cada Movimento.






O menino de 17 anos estava treinando para ser jogador de futebol quando as músicas de Djavan desviaram seu destino. Aliás, Jorge Vercilo é sempre comparado com Djavan por ter um timbre de voz parecido
O músico carioca começou bem sua carreira quando aos 21 anos ganhou em primeiro lugar no Festival Internacional de Trovadores, no Caribe, com sua canção Alegre.
Depois desse destaque internacional, Jorge não parou mais. Em 1993 gravou seu primeiro CD, Encontro das Águas, que teve duas músicas como temas de novelas da Rede Globo de Televisão. O mesmo aconteceu em 1996 com o CD Em tudo que é Belo, com a música Raios da Manhã, na novela O fim do Mundo, e a música infinito amor, em A Indomada.

Vercilo se tornou revelação com suas músicas modernas, envolvendo, com inteligência, variados ritmos. Em 1997 foi indicado para o prêmio Sharp como melhor cantor pop.
Lançou seu terceiro disco, Leve, em 2000, que teve participação de Djavan na música Final Feliz. O quarto CD, Elo, veio logo em 2002, tendo destaque a música Que nem Maré. A música Monalisa foi sucesso do álbum Livre, que teve também um DVD. Signo de Ar, lançado em 2005, trouxe a música Ultra-Leve Amor. Além do ídolo Djavan, Jorge Vercilo traz na bagagem participações com Ivan Lins e Pepeu Gomes. Suas canções sempre trazem letras de um romântico sonhador, que mesmo com a modernidade do mundo, o amor reina no coração em busca de se viver esse amor.


Show de Jorge Vercilo - Abertura com Valéria Costa

Dia 21/10/2008 - às 21 horas
Local: Teatro Rio Vermelho
Ingressos: 20 reais inteira e 10, meia. À venda na bilheteria do Teatro e no Compre Ingressos do Shopping Bougainville.

Os desafinados também têm um coração...

Depois de meses criei coragem para vir aqui. Mas, antes de qualquer coisa, quero deixar claro que fico indignada com tudo que começa e não tem continuidade. Idéias, movimentos, projetos, e, claro este blog! Porém, não quero pedir desculpas aos meus leitores, pois acho que não as mereço.

Outras coisas que me deixam indignada é a Rádio RBC FM (90,1), que acaba com o horário de música brasileira das 17 às 18 horas (Hora Extra Nacional), mas o futebol continua. Deram início a um programa, nas noites de quarta-feira, só com samba, mas não durou muito tempo. A Rádio Companhia FM (91,9) também, nem se fala. Uma rádio culturalmente elevada, com muita música de qualidade, poesias, e foi vendida para se tornar uma rádio evangélica. Os bares de Goiânia, cada dia mais sem espaço para os nossos músicos se apresentarem e, nós, amantes da MPB sem poder sentar e apreciar uma boa música. Um exemplo recente é o Chopp 10, no setor Bueno, que acabou com a sexta-feira de MPB, e o forró, que levava um grande público nas quartas e domingo, passou para sexta e acabou no domingo, perdendo espaço para o pagode e axé. A situação para nós, goianienses, está difícil!...

Mas, agora, parando de reclamar, vou falar de coisas boas que, mesmo que em extinção, ainda existem. Duas coisas que amo e não vivo sem; música e cinema. Aliás, combinação perfeita!


Um dos motivos que me inspirou a voltar aqui foi presenciar na última quinta feira, 9, no bar Royal, um local privilegiado pela localização e com uma vista incrível, que é a do parque Vaca Brava, uma turma que já fez muito sucesso na década de 80, e que hoje eu ainda posso prestigiar. Cesinha Canêdo (voz e violão), Bororó (baixo) e Xará (bateria), com um repertório maravilhoso, cheio de bossa nova e alguns clássicos internacionais, como Beatles.

Sou suspeita para falar a respeito do que sinto quando tenho oportunidade de presenciar cenas como essa. Mas é uma viagem através do tempo, dos vividos e não vividos. Um desejo de estar presente em vários momentos e lugares desse nosso Brasil lindo, numa espécie de movimento cultural. E, principalmente, uma imensa vontade de viver.

Isso se deve também porque dias atrás assisti ao filme Os Desafinados, de Walter Lima Jr. Uma história com muita música e atores brilhantes, como Rodrigo Santoro, Claudia Abreu, Selton Mello, demonstrando o início de um gênero que até hoje não se define exatamente o que é, a Bossa Nova. Jovens estudantes, sonhadores, apaixonados pela música, que desejam fazer sucesso com o surgimento de um ritmo que dá total liberdade para criar e explorar os instrumentos.

Com seus 50 anos, a bossa ganhou diferentes batidas através de João Gilberto, mas teve precursores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscole, Nara Leão, Sérgio Mendes, Carlos Lyra e muitos outros.
A Bossa chegou a ir para fora do Brasil quando, por volta de 1960, cantores como Lena Horne, Sammy Davis Jr. e o guitarrista Charlie Byrd estiveram aqui e, encantados com a mistura de samba, jazz, ao retornarem aos Estados Unidos dividiram a descoberta com amigos. Já em 1962, o Carnegie Hall, em Nova York, era palco da mistura de ritmos.

Hoje, a bossa nova continua influenciando muitos músicos, como é o caso de Pedro Sá, guitarrista da banca Cê, que aprendeu a tocar violão ouvindo as músicas de João Gilberto. Outros nomes como Paula Morelenbaum, Los Hermanos, Bebel Gilberto fazem dos arranjos e harmonias a mistura de um passado presente, continuando no futuro exemplo de amor, suavidade, delicadeza, ritmo contagiante, sofisticação estando à frente das músicas brasileiras.

E é isso que gostaria de deixar registrado, a importância de resgatar sempre esses ritmos ricos que encantam a qualquer ouvinte. Que mesmo com as dificuldades, nossos músicos não desistam de alegrar àqueles que sentem um prazer inenarrável ao fazer parte dessa história da música brasileira. Até porque nós precisamos de música e os músicos precisam de nós.

Aproveitando o espaço, quero convidar a todos para visitarem o bar Royal. Todas as quintas-feiras a partir das 22 horas, revezando entre a bossa e o samba. O bar fica localizado na Av. T-15 Nº 522 Galeria Brava Mall, Setor Bueno.