terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Meu nome não é Johnny

O cinema brasileiro mostra qualidade mais uma vez. Selton Mello representa, e muito bem, um jovem de classe média que conviveu com pai e mãe na infância, estudou nos melhores colégios da zona sul do Rio de Janeiro e se envolveu com drogas na adolescência. Ele iniciou como muitos, no começo resistem, mas, influenciados por certas amizades à pelo menos experimentar, acabam cedendo e entrando de vez para um mundo que nem sempre tem volta.

Essa é a intenção do filme, mostrar que pessoas de boa índole podem ser inconseqüentes e passar por situações que as levem a querer mudar seu estilo de vida. Sendo que, muitas não conseguem enxergar uma segunda chance e pensam que alí é o fim.

Baseado em história real, o jovem João Guilherme Estrella é carismático, sociável e bem-humorado. Não tinha pretensões em se tornar um milionário, gostava de fazer festa para os amigos, os quais eram consumidores assíduos de cocaína. João Estrella se tornou, então, o maior traficante de drogas na década de 1990.

Um filme que gera intensas discussões ao analisarmos o porquê de João se entregar num mundo alucinógeno da juventude. Será porque sua mãe abandou a família ao descobrir o marido doente e sem interesse em se tratar? Será porque seu pai permitiu as festas em casa? Será porque ele gostava mesmo de aventuras, principalmente com os amigos? Será porque muitos se calam, inclusive autoridades, diante de algo ilegal?

Penso que todos os jovens deveriam assistir ao filme, é uma ótima oportunidade para reconhecermos o valor da vida e, principalmente, da liberdade. As cenas da prisão e do manicômio é uma realidade que muitos desconhecem. E não só o pobre ou negro pode parar lá, mas sim, todos aqueles que vivem no mundo do crime.

O diretor Mauro Lima, a produtora Mariza Leão, o fotógrafo Uli Burtin e toda a equipe estão de parabéns. Lindas as fotos de Barcelona e Veneza e uma ótima trilha sonora. Parabéns também aos atores Selton Mello, Cléo Pires e Cássia Kiss.

Deixo aqui um pensamento citado pela juíza que julgou o caso do jovem João Guilherme para que possamos refletir:

“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)” Marguerite Yourcenar

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