terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Poeta

O que muitos não entendem é a vida de uma lenda, esteja ela viva ou não
A simples figura de um poeta de voz firme e segura nos leva junto sem decifrar sinais
O olhar presente nos leva a viajar em seus mais delicados gestos que vivenciou a vida em seus mais variados sentidos
Perto de você o canto se torna mundo
A cerveja muda de gosto pelo som de suas palavras
E a vida do poeta, pensamos se resumir ali, mas vai além do final do arco-íris
A tinta no papel que minhas mãos jamais alcançarão, você derrama serenamente
O papel, que muitos não entendem, pode ser um caminho do meu coração
Os anos de sabedoria me faz duvidar de vocabulários e sentimentos, meus e do poeta
A casca muda, mas o interior, nem sempre. O poeta é constante. A poesia existe
Pelo menos para os que entendem, estando vivos ou não.



Se eu dormisse, essa noite,
sonharia os sonhos mais tristes,
essa noite.

Sonharia,
por exemplo,
que Pablo Neruda está morto
e que a poesia foi abolida
do caminho de Santiago
por ordem expressa do general.

E sonharia
que, em algum lugar,
uma flor encarnaria em mulher
chora a morte de um homem justo
que todos chamavam Salvador.

E, sonharia
que para o lado do poente
as baionetas brilham na noite
a procura de homens e mulheres que,
além do sangue,
carregam um sonho vermelho.

E sonharia
que da boca da noite
sai pólvora e fumaça,
e que ninguém mais passeia
de mãos dadas aos pés do Andes.

E sonharia
que cápsulas de aço
fazem homens e mulheres
dormirem na noite,
na terrível noite das cordilheiras,
ainda indecisas,
em serem montanhas de gelo
ou de espanto congelado.

E sonharia
que tanques de guerra
saltam atônitos aos olhos do mundo,
enquanto uma grande ferida sangra
nas costas da América

Porque em território chileno,
pacífico
é apenas o nome do oceano
escrito no beiral azul do mapa.

Goiânia, 23/09/1973 – Noite Chilena - Leônidas Arruda

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Walter Carvalho canta Gonzaguinha

O Executiva no Palco traz mais uma vez um dos melhores interpretes da noite goianiense. Walter Carvalho se apresenta dia 21, próximo, no Cateretê Restaurante e Bar.

Depois dos músicos Chico Buarque e Caetano Veloso, é a vez de relembrar canções do carioca filho de Gonzagão (1912-1989). Luis Gonzaga do Nascimento Junior (1945-1991), mais conhecido como Gonzaguinha, começou cedo a freqüentar os movimentos do samba na cidade do Rio de Janeiro e mesmo formado em economia, sua paixão era a música. Sua passagem pela universidade lhe rendeu grandes amizades até formarem o Movimento Artístico Universitário (MAU), juntamente com Aldir Blanc, Ivan Lins e outros. Gonzaguinha era considerado pelos amigos como uma pessoa fechada, mas que não fez disso um impedimento para grandes parcerias musicais. Muitas músicas feitas na época da Ditadura Militar traziam letras que demonstravam a sua ira contra o regime. Uma das mais conhecidas é
Comportamento Geral, que no começo foi censurada.

Como muitos movimentos musicais eram criados nas universidades, para Walter Carvalho não foi diferente. O músico sul mato-grossense estudou na antiga Escola Técnica de Goiânia, participou de teatro juntamente com Sandro di Lima, ex-secretário municipal de cultura de Goiânia, e fez grandes apresentações na própria Escola e em bares ao lado do também cantor e compositor Gilberto Correia.



Walter nasceu para o que é. Com mais de 20 anos de carreira, possui algumas canções de sua própria autoria, apesar de não ter nenhum cd solo gravado. Além de cantar, Walter domina muito bem um violão e arrisca tocar outros instrumentos, como contrabaixo, teclado e até acordeão, demonstrando assim, sua paixão pela música como um todo.

O músico também lidera o grupo de forró chamado Forró Agarradinho. Em parceria com Luiz Augusto lançaram o primeiro cd em 2006, que trás letras próprias e também de outros músicos goianos como Nilton Rabello, Pádua e Walter Mustafé.

Atualmente, Walter Carvalho tem se apresentado no Chopp 10 todas as sextas-feiras, num projeto que leva o melhor da MPB, diversificando com samba raiz e a presença de músicos convidados. As quartas e domingos com o Forró Agarradinho, no mesmo bar.

Não percam Gonzaguinha na voz de Walter Carvalho!
Dia 21/02, quinta-feira, às 20h no Cateretê Restaurante e Bar – Av. T-2 Nº 318, St. Bueno. Fone: (62) 3285-3261


Conheça uma das músicas de Walter Carvalho

A ferro e fogo

domingo, 3 de fevereiro de 2008

A ARTE E A PIPA por Romero Arruda

O cotidiano imposto aos homens do novo tempo não tem sido generoso com a arte, com a cultura de modo geral. Estes homens estão cada vez mais ocupados e já não podem ter o privilégio de se perder diante de um belo quadro, já não podem fechar os olhos enquanto escutam uma canção, nem tampouco suspirar no ponto final de um poema.

Com o tempo cada vez mais escasso, é preciso aproveitar melhor as oportunidades que nos restam para apreciar obras de arte e, felizmente, o novo tempo não nos roubou a doce ilusão de sentir uma vida diferente após uma grande obra de arte, como se aquela obra fosse um divisor de águas. Você nunca mais será o mesmo depois de conhecê-la.

Certamente os mais apaixonados possuem mil formas de perceber que de fato a vida mudou depois de conhecer tal obra, talvez uma delas seja a capacidade e a coragem de escrever qualquer coisa (como isso) depois assistir um bom filme, mesmo sem perder de vista a perspectiva de que o leitor fatalmente não sentirá a mesma emoção e, portanto, não entenderá o sentimento descrito nessas palavras. Mas, talvez, se entre as palavras estiver o convencimento de levar esse leitor diante da obra, este também terá oportunidade de descobrir se existe tal efeito.

Convicto de que alguém irá buscar conhecer essa obra e feliz por saber que alguém vai arriscar seu tempo tão precioso por conta do tempo que gastei para rabiscar essas palavras, tomo a liberdade e a audácia de indicar “O CAÇADOR DE PIPAS” (Livro e filme).

Ainda que o sol vista sua coroa de rei, que o céu mostre seu azul sincero e que o vento sopre sua mais bela canção, nada pode garantir que a pipa estará em paz, visto que sempre existirá outra pipa com desejo de ter o CÉU todo SEU. O importante é saber vencer cada desafio sem perder a utopia de voar livremente.



Boa arte!

Você nunca vai saber

Tem dias que eu não queria pensar, nem sentir, nem enxergar. Melhor nem viver.
Cada um com sua vida, feliz ou não, ou mesmo fazendo de conta.
Que lei é esta que me pesa a consciência?!
Por onde passo, alguns me notam e, às vezes, isso me incomoda.
Alguns notam um brilho no olhar, mas nem de longe percebem o gosto salgado que corre nas veias.
Não me exaltes, porque não mereço!
Saudade é algo que me persegue, e, se dizem que saudade é bom, ainda não descobri pra quê.
Vocês me perseguem! Não vêem que quero ficar em paz? Pelo menos hoje!
Sons de diferentes ritmos são captados e olhando pro lado ou pra frente, só me vejo atrás.
E, me sentindo no direito, falo o que quiser, ou pelo menos, penso.
Pressa de tudo desejando que nunca tivesse acabado.
Tanta coisa pra falar, mas ao me sentar me vejo escrevendo coisas ridículas (como essa) e me calando no mais profundo silêncio de quem nunca saberá ler meu olhar.
Será que muitos poetas eram felizes como demonstravam? Será que sentiam o amor e por ele viviam?
Às vezes penso em entrar no jogo e brincar de amar, mas não sei se essa palavra cabe em mim.
Muitos anos se passaram e foram dias felizes, eternos na lembrança, onde tudo era “simples” e fulgaz.
Hoje, vocês não sabem a metade, mas ninguém nunca vai saber nem de mim, nem de ninguém.
Das histórias que me contam, muitas jamais esquecerei. Se for lembrar de mim, que lembre de alguma história boa, ficarei feliz por isso!
Acreditei muitas vezes em algumas histórias, mas o romantismo oscila e tudo perde a razão.
Melhor seria nunca ter nos vistos, mas a intensidade e a, nem sempre, verdade que acontece no instante, faz valer para a história (não sei de quem).
No espelho nem penso em olhar, minha sensação de existir já é o bastante para sentir que nesse momento melhor ser apenas desejo de alguém, pois loucos de fato existem.
Isso porque você nunca vai saber, mesmo, agora, pensando que sabe.