quinta-feira, 26 de junho de 2008

Show Eles por Elas

Eles por Elas é o show que acontece nesta sexta-feira, 27, às 19 horas no Grande Hotel. As cantoras Bel Maia, Débora de Sá, Fé Menina, Larissa Moura, Maria Eugênia e Thais Guerino interpretam músicas de compositores goianos dos anos 70, baseadas no livro MPB em Goiás. Assim como o livro, o cd também foi idealizado por Luiz Chaffin e Reny Cruvinel, que participam do show com seus violões. O músico Edílson Morais, percussão, e Marcelo Maia, baixo, também foram convidados.

Lançamento do CD – Eles por Elas
Data: 27/06/2008 (sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Grande Hotel – Av. Goiás c/ Rua 3, Centro
Entrada Franca

Grupo Fé Menina
Thais Guerino Marcelo Maia Edilson Morais

Bel Maia

Larissa Moura
Maria Eugenia Débora de Sá
Fotos gentilmente cedidas pela Ipê produções


O livro MPB em Goiás traz histórias de músicos que viveram na difícil época de se fazer música em Goiás, 1970, (não que hoje seja diferente) e mesmo assim, com a ajuda dos festivais da época, venceram. Muitos tiveram suas canções regravadas por nomes, como Fafá de Belém, que regravou a música Araguaia, de Rinaldo Barra. Beth Carvalho, que regravou Vaqueirada, uma parceria do baixista Bororó, Edmundo Souto e Ney Lopes. João Caetano teve várias composições como tema de novelas na Rede Globo, como Guardião, em Direito de Amar, Pedaços, em Fera Radical, Tá na Terra, Salvador da Pátria e ainda Meu Coração, na novela Pantanal da TV Manchete.

Além da trajetória de vida dos músicos, o livro ainda traz partituras de 37 músicas produzidas por Bororó, Fernando Perillo, Carlos Ribeiro, Lucas Faria, Juraídes da Cruz, Rinaldo Barra, Itamar Correia, Gustavo Veiga, Carlos Brandão, Braguinha Barroso, Marcelo Barra, Tibério Gaspar, Naire, Pádua, Genésio Tocantins, Hamilton Carneiro, Adalto Bento Leal, Wanda D’Almeida, Horton Macedo, João Caetano, Otávio Daher, Luiz Junqueira, Odilon Carlos, Walter Faria, Chaul, Valter Mustafé e Luiz Augusto.


Confira algumas histórias retiradas do livro MPB em Goiás - Compositores dos anos 70, de Reny Cruvinel e Luiz Chaffin...

O cenário estava preparado. Carlos Brandão, já no palco do Salão Paroquial da cidade de Iporá, Oeste Goiano, com o violão nas mãos, aguardava a entrada de Eduardo Jordão. Este faz aquela tradicional pergunta de quem não consegue segurar a ansiedade q que busca, sempre uma resposta positiva: Como está o público? Carlos, como é conhecido no meio, não economizou: Está cheio, disse. Foi a senha para que Jordão fizesse a sua entrada triunfal com ânimo dobrado. Ele entrou correndo, se esbaldando... Tinha umas 30 pessoas. Aí eu completei: Ta cheio de cadeira vazia, conta Brandão. Resultado: depois de muito xingatório e algumas canções interpretadas a contragosto, o show, que tinha previsão de 1 hora e 30, ganhou uma versão light de 35 minutos.

O fato aconteceu nos anos 70, uma época em que fazer música em Goiás era, acima de tudo, um grande desafio, com boa dose de sonho e paixão. Equipamento ruim e instrumentos sem qualidade eram apenas o princípio das dores. Gravar disco, algo muito distante. Mesmo assim, um grupo de compositores deu o tom a uma musicalidade que uniu diversas influências e abriu portas para os que vieram depois.

Também não são poucos os casos curiosos contados por quem já viveu o período. O mesmo Eduardo Jordão passou por outra experiência que conquistou seu lugar no folclore da MPB em Goiás. Segundo Carlos Brandão, o performático Jordão, certa vez, quase foi eletrocutado enquanto cantava. Ele encostou num fio desencapado e ficou tomando choque. Nós pensamos que era parte da performance, que estava ótima, por sinal. Até que ele caiu desmaiado. O público aplaudiu de pé, mas depois descobrimos o que estava acontecendo de verdade, conta Brandão.

As parcerias nasciam, quase sempre, de forma espontânea. Mas houve casos em que um empurrãozinho acabou sendo a medida mais apropriada. Isso aconteceu com Hamilton Carneiro e Genésio Tocantins na parceria de Frutos da Terra. Hamilton já atuava com publicidade e televisão quando sugeriu a Genésio que criasse um jingle, musicando um poema seu. Talvez sob a influência do cachê, que parecia certo, Genésio compôs a canção de um dia pro outro, respeitando o briefing ao pé da letra. Quando chegou com o jingle pronto, soube então que, na verdade, Hamilton ainda ia buscar um cliente para a peça. E isso nem chegou a acontecer, pois a música se encaixou perfeitamente como abertura do novo programa que Hamilton se preparava para apresentar: o Frutos da Terra. Acabou se tornando uma das canções mais divulgadas.

Fernando Perillo e Juraíldes da Cruz também têm suas histórias. Perillo conta que estava em casa certo dia quando sua mãe foi chamá-lo, dizendo que alguém o procurava. Chegou à porta e, em princípio, não viu a pessoa. Encontrei o Chaul detrás de uma árvore, quase morrendo de vergonha, conta Fernando. Ele queria propor uma parceria que, mais tarde, rendeu belas canções. Nasr Chaul reconhece que precisou vencer uma luta pessoal contra a timidez para dar o primeiro passo como compositor.
Para ter seu primeiro violão, Juraíldes da Cruz precisou fazer retoques. O instrumento, da marca Saema, estava com o fundo descolado. Não teve dúvidas: fez o conserto com cola Tenaz e deixou um butijão de gás em cima para secar. No outro dia, o violão ficou todo estufado. Mas cumpriu o seu papel. Foi com ele mesmo que Juraíldes aprendeu os primeiros acordes.

Fios desencapados, cadeiras vazias, violões descolados e outras dificuldades fizeram parte do dia-a-dia desses artistas. São histórias de vida que integram a própria história cultural do Estado de Goiás. Tudo superado com criatividade e um desejo louco de seguir o coração pulsando em ritmo musical.

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